LINHA DO TEMPO

Sociedade 13 de Maio

1888
1888

Estatuto da Sociedade Beneficente 13 de Maio

Publicado na Gazeta Paranaense em 14 de setembro de 1888, estabelecia em seu artigo primeiro que a associação tinha como finalidade festejar o glorioso dia 28 de Setembro, data da promulgação da Lei do Ventre Livre, e o dia 13 de Maio, que marcou a abolição da escravidão no Brasil. Além dessas celebrações, a entidade também se compromete a assistir qualquer um de seus sócios, evidenciando um caráter assistencialista e comunitário.

O artigo segundo do estatuto previa critérios específicos para a admissão de novos sócios, exigindo que fossem indivíduos diretamente beneficiados pela Lei de 28 de Setembro de 1871 ou libertos pelo Decreto Imperial de 13 de Maio de 1888. Essa cláusula reflete a intenção da Sociedade em consolidar uma rede de apoio entre os recém-libertos e seus descendentes, reforçando laços de solidariedade e pertencimento entre aqueles que haviam experimentado a opressão do regime escravista.

Outro aspecto relevante do estatuto era a determinação de eleições para a diretoria a cada seis meses. Esse dispositivo sugere um compromisso com a renovação e a participação democrática na gestão da entidade, garantindo que diferentes membros pudessem ocupar posições de liderança e contribuir com sua visão e esforços para o fortalecimento da Sociedade.

A estrutura desses regulamentos revela tanto a consciência histórica da Sociedade quanto sua função como espaço de resistência e autonomia para a população negra recém-liberta. A vinculação estatutária com as duas principais leis abolicionistas do século XIX demonstra uma clara intenção de manter viva a memória da luta contra a escravidão e fortalecer as bases de um futuro mais igualitário. Além disso, a periodicidade curta para a eleição da diretoria indica uma tentativa de evitar a perpetuação de lideranças e fomentar uma gestão participativa, algo notável para a época, considerando as limitações impostas à população negra na esfera política e social do Brasil pós-abolição.

Essas disposições mostram que a Sociedade Beneficente 13 de Maio não era apenas um espaço comemorativo, mas uma organização estruturada para enfrentar os desafios impostos pela liberdade recém-conquistada, criando mecanismos internos de proteção e assistência para seus membros em um contexto de exclusão social persistente.

Segundo a Historiadora Fernanda Lucas Santiago Passou por diversas transformações que alterou o seu nome A Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio, adotou inicialmente o nome Club 13 de Maio, “13 de Maio de 1888” assim consta na ata de fundação/instalação oficial em 06/06/1888. Depois em 1892 incorporou a denominação de Beneficente, e só na década de 1930 incluiu a palavra Operária em seu nome, o qual ainda mantem. Essas mudanças terminológicas nos indicam que com o passar do tempo a Sociedade/Clube estava construindo a sua identidade, solidificando para eles mesmos qual eram seus objetivos.  

A Sociedade Beneficente 13 de Maio teve um papel fundamental na organização da população negra em Curitiba, especialmente no período pós-abolição. A atuação de seus presidentes reflete os desafios e transformações sociais do Brasil ao longo dos séculos XIX e XX. Destaca-se que, até o momento, nenhuma mulher assumiu a presidência, ainda que figuras femininas tenham desempenhado papéis importantes, como Sebastiana Garcia e Maria da Luz Garcia.

Essa ausência feminina na liderança evidencia um padrão recorrente nas organizações da época, onde a participação das mulheres, ainda que significativa, era frequentemente secundária. Contudo, a existência de grêmios femininos, como o Grêmio das Camélias, mostra que as mulheres negras também buscavam organização e representatividade dentro da Sociedade.

A inclusão de José Nogushi na presidência da Sociedade Beneficente 13 de Maio simboliza uma inflexão na trajetória da entidade. Embora tenha sido criada para atender especificamente à população negra, a eleição de um presidente de origem oriental demonstra uma reconfiguração nas relações sociais e na forma como a entidade se posiciona na sociedade. Isso não diminui a centralidade da luta negra dentro da Sociedade, mas sinaliza como diferentes grupos historicamente marginalizados podem encontrar espaços de interseção dentro de uma mesma organização.

A Sociedade Beneficente 13 de Maio continua a ser um marco da história da população negra curitibana, e sua linha do tempo reflete as lutas, conquistas e desafios enfrentados ao longo de sua existência.

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